sexta-feira, 23 de abril de 2010

Poema da Mãe

- Vejo arrastar-se a vida
Tão gasta, tão débil , tão rendida
Ao caminho.
Sei que ele vai ficar sozinho,
Mas vai resistir.
Enquanto pode, fique comigo
(Nem ele quer agir noutro sentido
Que não seja o de me cingir
A si.
Ainda que fisicamente não possa.)
Já fomos jovens, amor.
Outro era o ardor
Que não o de agora, dor nossa,
Mas que vai findar
Vá… Ajuda-me a arrastar!
Sim, queria vê-la.
Fizeste bem trazê-la.
Filha, não vejas os meus olhos a cerrar!
- Mãe, não pude não ver, não soube falar.
Mas soube sentir e sei garatujar.
Perdoa.

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